As leggings amigas da recuperação muscular

(Miguel Pereira/Global Imagens)

Como uma simples peça de roupa pode proporcionar eletroestimulação, aquecimento localizado, massagem e compressão. A ideia está a ser desenvolvida desde 2019 e pode chegar às lojas no próximo ano.

Proporcionar a melhor recuperação muscular sem a complexidade dos sistemas habitualmente utilizados. Foi este o ponto de partida do Wear2Heal, projeto nascido para conceber uma solução tecnológica que promete ser útil a todos os desportistas. “A massagem de compressão está tradicionalmente associada a sistemas volumosos, cujo tratamento tem de ser realizado em centros de recuperação, com a pessoa numa posição estática. Quisemos desenvolver um sistema menos volumoso e mais simples, que pudesse ser utilizado no domicílio”, contextualiza Sónia Silva, gestora do projeto.

A ideia começou a fervilhar ali nos princípios de 2019 e arrancou definitivamente em julho desse ano, pelas mãos de um consórcio que junta a capacidade de investigação do CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, do CITEVE – Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário e da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ao know-how de duas empresas do setor têxtil: a Tintex Textiles e a HATA. Ao todo, há cerca de 25 investigadores envolvidos. E o investimento ronda os 950 mil euros.

O resultado são umas leggings 3-em-1, que prometem ser novidade no mercado: permitem tanto eletroestimulação muscular e aquecimento localizado como massagem e compressão. No caso da eletroestimulação, o grande trunfo são os elétrodos secos, que dispensam a aplicação de gel. Já em relação ao aquecimento localizado, a solução foram as tecnologias de eletrónica impressa. “Graças à versatilidade destas tecnologias, conseguimos customizar o design do circuito de aquecimento, adequando-o a este propósito específico”, esclarece a investigadora. Resta a parte da massagem e compressão. “Recorremos a ligas com memória de forma, que reagem e se vão moldando em função de dados estímulos.”

Todos os sistemas eletrónicos estão integrados num cinto, que pode ser carregado sem fios. Os investigadores estão ainda a desenvolver uma aplicação móvel para controlar as diferentes tecnologias. E quando poderemos encontrar as leggings nas lojas? “É difícil ter certezas”, ressalva Sónia, mas se tudo correr bem, “talvez no próximo ano”. Para já, estão a finalizar os protótipos. Segue-se a validação elétrica. Depois, os testes de uso em contexto real. “Que esperamos que estejam concluídos até ao fim do ano.”